O ator, cantor e compositor Lucas Miranda é o convidado da semana no podcast “Que Não Saia Daqui”, apresentado por Manola. Em uma conversa aprofundada e sincera, o artista mineiro, natural de Uberlândia, abre o coração sobre sua jornada de uma década nas artes, detalhando os bastidores de seus projetos mais recentes, que incluem a série “Vermelho Sangue” (Globoplay), o lançamento de seu primeiro EP autoral e uma decisiva escolha de carreira que o faz reconectar-se com suas raízes.
O projeto de maior destaque recente, “Vermelho Sangue”, é descrito por ele como um verdadeiro “divisor de águas” em sua vida. A série, que mistura o universo de vampiros e lobisomens com o cenário e a cultura de Minas Gerais, chega em um momento crucial. Miranda revela que estava morando no Canadá em 2023, após ganhar uma bolsa de estudos, e já tinha aceitado uma proposta para uma novela em outra emissora quando o convite para a série do Globoplay aparece.
“Eu tinha aceitado já. Estava fazendo minhas malas para voltar para o Rio”, conta. “E na mesma semana me ligam para o ‘Vermelho Sangue’. Cara, quando eu vi a premissa que a gente ia viajar gravando em Minas Gerais, que sempre foi o meu sonho… não tinha outro, eu aceitei. Era isso.”
O Resgate do Sotaque e a Inspiração Inusitada
Na série, Lucas interpreta Pedro, um personagem que ele descreve como “um local ali muito de interior, muito bruto, rústico, com o cigarrinho de palha dele”. O papel exige que ele faça o caminho inverso do que aprendeu em seus 10 anos de carreira no Rio de Janeiro. Após anos em escolas de teatro tentando “neutralizar” sua fala, a produção pede exatamente o oposto.
“A vida inteira na escola de teatro, principalmente aqui do Rio, me ensinaram a neutralizar sotaque”, relembra Miranda. “Eu cheguei falando ‘porta, porteira, portão’. Nesse trabalho eles falaram: ‘a gente quer o seu sotaque de novo. Bota ele de volta'”. O processo de resgate é um laboratório afetivo: “Muitas vezes o meu laboratório era ir para casa, conversar com meus amigos de infância, com a minha avó… O sotaque de Minas tem uma melodia diferente, um tempo dilatado. É uma melodia que é quase um abraço.”
Com uma preparação intensa e pessoal – sendo o último a ser escalado, ele tem que correr atrás do tempo perdido –, Lucas busca referências em clássicos como “Drácula” e “Van Helsing”, mas também em “Stranger Things” e até “Scooby-Doo”, para trazer leveza.
No entanto, a maior inspiração vem da vida real: “Indo para o set, o motorista me levando, eu vi o motorista e eu achei ele perfeito para o meu personagem. […] Eu olhei para o motorista e falei, ‘cara, esse cara é o Pedro’. Ele tinha um chapéu de cowboy, estava ouvindo o sertanejão no talo […]. Ele me ensinou talvez muito mais do que vários filmes que assisti.”
Durante as filmagens, Lucas também tem seu momento “Tom Cruise”, dispensando o dublê em uma cena de ação que ele mesmo havia preparado com o colega de cena: “A diretora adorou. E acabou que o dublê nem veio em cena. Então, as cenas que têm ação, sou eu. Tenho uma pegada de Tom Cruise”, brinca.
A Descoberta Musical no Set
A experiência imersiva de 40 dias gravando em Minas Gerais não só redefine sua carreira de ator, como também dá o impulso que faltava para sua trajetória musical. Músico desde os 5 anos de idade, Lucas sempre tratou suas composições como algo íntimo. É no set de “Vermelho Sangue”, em uma roda de violão com os amigos de elenco, que ele percebe o potencial de sua arte.
“Eu sempre levei meu violão para tocar nas rodinhas de amigos, né? E aí, numa dessas, eu pedi permissão, muito tímido, assim: ‘Gente, será que eu posso compartilhar com vocês uma música autoral?'”, conta.
A reação é imediata e transformadora. “Aí, eu toquei e, no final, tinham duas meninas que se emocionaram muito, assim. Real. E isso mexeu muito comigo. Eu falei: ‘Cara, aí tem coisa’. […] Eu acho que está na hora de eu levar isso a sério.”
O resultado dessa epifania é seu mais novo projeto: o lançamento de seu primeiro EP em 2025, com seis músicas autorais. A arte, para ele, é uma missão que exige empreendedorismo: “Centro, avante, goleiro, treinador. Tudo sou eu quem faço, meu time em campo sou o goleador”, cita um trecho de sua nova música, resumindo o desafio do artista independente.
Ao final, Lucas se mostra grato pela fase que está vivendo, resumindo o sentimento de estar colhendo os frutos de uma década de “raça e guerrilha”: “É um momento muito feliz da minha vida como artista”, conclui.
Sobre Manola
Manola é uma artista multifacetada que transita com autenticidade entre a música e a comunicação. Cantora, compositora, criadora de conteúdo e empresária, utiliza sua voz e suas letras para explorar temas como amor-próprio e relacionamentos, inspirando o público a viver com liberdade e verdade. Com mais de 20 canções lançadas e reconhecimento crescente nas plataformas digitais, sua carreira musical caminha lado a lado com sua paixão por conectar pessoas e promover o bem-estar.
Idealizadora e apresentadora do podcast Que Não Saia Daqui,
Manola cria um espaço intimista dedicado a conversas profundas sobre propósito, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. A terceira temporada do podcast, iniciada em 16 de abril, convida figuras inspiradoras para compartilharem suas histórias, aprendizados e trajetórias.
Sobre o Podcast “Que Não Saia Daqui”
Que Não Saia Daqui é um projeto autoral de Manola que nasceu da vontade de escutar e contar histórias reais. Cada episódio é um convite ao mergulho em conversas sinceras com pessoas que têm algo importante a dizer — artistas, criadores, empreendedores e pensadores contemporâneos.
Com uma atmosfera acolhedora, o programa propõe reflexões sobre vida, arte, saúde mental, carreira e bem-estar. A proposta reflete a jornada pessoal de Manola, marcada por múltiplos recomeços e pela crença no aprendizado contínuo.
A produção do podcast conta com a parceria da V7 Filmes, produtora audiovisual reconhecida por sua excelência e criatividade. A V7 atua desde a concepção de roteiros até a pós-produção e gerenciamento de mídias sociais, com um portfólio que inclui nomes como Bianca Salgueiro, Deborah Evelyn, Daniele Hypolito e Renato Rabelo.
Sobre o Convidado – Lucas Miranda
Lucas Miranda é um artista multifacetado que atua como cantor, compositor e ator. Mineiro de Uberlândia, sua jornada artística começou cedo, aos 5 anos, com o violão, e se profissionalizou quando ele decidiu, aos 15, seguir a carreira de ator. Aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou na renomada Casa de Artes Laranjeiras (CAL) e iniciou uma trajetória de mais de uma década nas artes cênicas.
Recentemente, Lucas viveu um “divisor de águas” em sua carreira com seu papel na série “Vermelho Sangue”, disponível no Globoplay.
Na produção, gravada em Minas Gerais, ele interpreta Pedro, um personagem “bruto e rústico” do interior. O trabalho representou um profundo resgate de suas raízes, permitindo que ele voltasse a usar seu sotaque mineiro em cena – algo que, segundo ele, passou anos tentando neutralizar em cursos de teatro no Rio. O convite foi tão significativo que o fez recusar uma proposta para uma novela em outra emissora, enquanto ainda morava no Canadá.
Paralelamente à atuação, Lucas está lançando sua carreira musical autoral. Em 2025, ele apresenta seu primeiro EP com seis músicas autorais. A decisão de compartilhar suas canções, antes guardadas de forma íntima, veio após uma experiência emocionante nos bastidores de “Vermelho Sangue”, onde tocou uma de suas músicas para o elenco e percebeu o poder de conexão e emoção que sua música podia gerar.
Essa experiência nos bastidores foi o catalisador que faltava. O EP de seis faixas, previsto para 2025, é mais do que uma estreia musical; é a materialização de uma faceta artística que Lucas cultivava intimamente. Suas canções, agora prontas para o público, prometem carregar a mesma verdade e conexão com as raízes que ele tão intensamente revisitou em seu trabalho como ator.
O momento atual de Lucas Miranda é, portanto, de integração. O artista, que por anos buscou se adaptar aos padrões do eixo Rio-São Paulo, hoje celebra justamente sua identidade mineira como seu maior diferencial. A coragem de abraçar o “bruto e rústico” Pedro em “Vermelho Sangue” parece ter aberto as portas não apenas para um novo patamar em sua carreira cênica, mas também para sua alma de compositor.
Seja interpretando personagens complexos na tela ou traduzindo sentimentos em melodias, Lucas se consolida como um artista completo, que encontrou na autenticidade de suas origens a sua voz mais potente.