A discussão que tem movimentado o Mr. Olympia Brasil Expo neste fim de semana gira em torno de uma polêmica sobre laudos de creatina, um dos suplementos mais populares para atletas e praticantes de atividades físicas. No evento realizado em São Paulo (SP) até domingo (20), a maioria das 60 marcas presentes oferece creatina, seja para venda ou como amostra grátis.
O debate sobre a qualidade e a conformidade da creatina vendida no Brasil ganhou um novo capítulo após uma decisão judicial recente, que ordenou que a Abenutri (Associação Brasileira de Produtos Nutricionais) indenize o Grupo Supley, detentor de marcas como Max Titanium e Probiótica.
A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo estabeleceu que a Abenutri deve pagar uma indenização por danos morais e realizar uma retratação pública, em razão da divulgação de laudos laboratoriais considerados incorretos sobre a qualidade da creatina das marcas associadas à Supley. A sentença ressaltou a importância de critérios técnico-científicos na análise de suplementos.
No contexto dessa disputa, a BRASNUTRI (Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais) se posicionou contra a forma como a Abenutri divulgou os laudos.
“A BRASNUTRI não é contra laudos laboratoriais, o Eurofins é um ótimo laboratório, o que a BRASNUTRI reforça para todos é que não existe na Abenutri lisura ética, transparência processual nestes laudos de creatina feitos e divulgados de forma irresponsável”, afirmou Bruno Busquet, Presidente – BRASNUTRI.
Representando mais de 40 marcas e cerca de 70% do mercado, a BRASNUTRI destacou que atitudes como as da Abenutri “prejudicam a confiança dos consumidores e comprometem o esforço do mercado em construir credibilidade”. A entidade também enfatizou que a Anvisa é a única autoridade competente para regular e fiscalizar a qualidade dos suplementos no Brasil, e que ações que busquem contornar essa regulação prejudicam tanto o mercado quanto os consumidores.
A Growth Supplements, uma das principais marcas do setor, também se manifestou sobre a polêmica. Em entrevista, Diogo Cirico, nutricionista representante da Growth, ressaltou os esforços da empresa em controle de qualidade: “Nós nunca seríamos surpreendidos em um exame como esse, porque antes do produto sair de lá de dentro, ele passa por uma avaliação laboratorial.”
Popularidade da creatina e a disputa pela confiança dos consumidores
Em 2023, a creatina foi o suplemento esportivo mais pesquisado no Brasil, com um crescimento de mais de 30% em relação a 2022, de acordo com dados do Google divulgados nesta terça-feira (20). O suplemento ultrapassou o whey protein, que vinha liderando as buscas desde 2019.
Esse aumento no interesse pela creatina reflete um crescimento geral nas buscas por termos relacionados a academias e outros suplementos, como isomaltulose (31,5%), beta-alanina (24%) e whey protein (12,3%). No entanto, o crescimento desse mercado também coloca em evidência questões sobre a qualidade e a segurança dos produtos disponíveis.
A controvérsia em torno da creatina, um dos suplementos mais consumidos do momento, traz à tona reflexões sobre a responsabilidade das entidades do setor e a importância de uma comunicação clara e transparente com os consumidores.