Programas de saúde mental e benefícios corporativos personalizados podem ser considerados pelo RH.
Pesquisas têm evidenciado que o bem-estar corporativo influencia diretamente a saúde dos profissionais e, consequentemente, o desempenho e a produtividade. Para promover as condições ideais, as empresas podem investir em programas de saúde mental e benefícios personalizados, como cartão vale-alimentação, flexibilidade de horário, auxílio cultura, entre outras medidas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais do que a ausência de doenças, a saúde é definida como um estado de bem-estar integral, que engloba o corpo, a mente e o aspecto social do ser humano.
Assim, para manter um ambiente corporativo saudável, é preciso que os setores de RH adotem ações que coloquem a qualidade de vida dos funcionários como um dos aspectos prioritários.
De acordo com o estudo Panorama do bem-estar corporativo 2022, realizado pela plataforma Gympass, 83% dos profissionais entrevistados consideram o bem-estar um aspecto tão relevante quanto o salário. Já 85% afirmam que permaneceriam em um cargo se o empregador priorizasse esse fator. Outros 77% acreditam que deixariam a companhia, caso ela não se importasse com a qualidade de vida e as condições de trabalho.
A pesquisa foi feita em nove países onde o Gympass funciona, incluindo o Brasil. O levantamento propõe que para priorizar o bem-estar dos trabalhadores é necessário mudar a estratégia organizacional, considerando o conceito de saúde difundido pela OMS.
Ainda de acordo com o estudo, a flexibilidade e o suporte na jornada de trabalho do colaborador também são medidas importantes para promover o bem-estar e, por isso, devem ser consideradas pelas organizações.
Orientações práticas para o equilíbrio no ambiente de trabalho
De acordo com artigo publicado pela Pulse, plataforma de gestão de pessoas e RH, algumas tendências têm ganhado destaque no universo da promoção do bem-estar corporativo. Entre elas, o investimento em programas de bem-estar, como serviços de terapia on-line, cursos e palestras sobre saúde mental e o incentivo à prática de atividades físicas.
Reconhecendo que aspectos psicológicos e emocionais também afetam o desempenho profissional, a orientação é para que as empresas personalizem os benefícios corporativos para atender as diferentes necessidades dos funcionários e promover a qualidade de vida.
O expediente remoto e os horários flexíveis são outros exemplos práticos de propostas que podem oferecer mais liberdade aos colaboradores, melhorando o seu bem-estar e a sua produtividade.
Pesquisa realizada pela Pluxee, divulgada em agosto, mostrou que 58% dos trabalhadores brasileiros preferem o modelo de trabalho híbrido ou remoto por considerarem formatos que facilitam o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. O auxílio home office é apontado como um dos benefícios desejados por quem atua total ou parcialmente no teletrabalho. No entanto, apenas 6% afirmaram receber esse tipo de incentivo.
Bem-estar ainda é desafio para as empresas
Outro estudo, realizado pelo Zenklub, companhia especializada em cuidado emocional corporativo, entre abril e outubro de 2022, revelou o Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC) de 313 empresas, de 12 setores diferentes.
Os dados mostraram que, numa escala de 0 a 100 pontos, a área de Tecnologia ganhou o destaque positivo, com um índice geral de bem-estar de 71,5 pontos. Por outro lado, o setor Farmacêutico contou com o pior desempenho, registrando 60,3 pontos.
O IBC analisou nove aspectos que influenciam o bem-estar emocional dos profissionais: preocupação constante com o trabalho, conflitos e situações abusivas, desconexão, exaustão ou burnout, autonomia e participação, relacionamento com líder e colegas, volume de demanda e clareza das responsabilidades.
De acordo com o Zenklub, para que uma organização seja considerada saudável, é preciso ter um nível de bem-estar igual ou acima de 78 pontos. Portanto, mesmo as áreas com pontuações mais altas, como a de Tecnologia, estão numa faixa intermediária de promoção de bem-estar, indicando que ainda existe a necessidade de evolução.
Impacto da saúde mental nos resultados
Segundo dados do movimento #MenteEmFoco, da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), os transtornos emocionais e mentais elevaram em 20 vezes a quantidade de concessões de auxílio-doença, tornando essa a segunda justificativa mais frequente de afastamento no trabalho. Junto a isso, cerca de US$ 1 trilhão são desperdiçados todo ano na economia global devido à perda de produtividade de empregados por conta de depressão e ansiedade.
As informações da ONU expõem, ainda, que 96% dos indivíduos que sofrem com Burnout não se consideram prontos para trabalhar, sendo que 92% continuam indo para o serviço com receio de serem demitidos. Além disso, as informações mostram que, desde as transformações ocasionadas pela pandemia, 80% da população ficou ansiosa.
Conforme avaliação da Organização, os dados são alarmantes e geram impacto na sustentabilidade dos negócios, o que interfere na gestão, na logística, nos processos e em todas as estruturas de uma organização. Por isso, o principal objetivo do movimento é fomentar ações e projetos em prol da saúde mental no ambiente corporativo.
Assim, orienta-se que os líderes adotem uma postura proativa para prevenir eventuais crises e diminuir a ocorrência de situações extremas. Com isso, é possível contar com um time mais motivado, melhores chances de atração e retenção de talentos e com o employer branding, que é o fortalecimento da marca como empregadora.