O fim do ano costuma ser um período cansativo para muitos empreendedores, já que as vendas oscilam, chegam despesas típicas de dezembro e decisões que foram sendo adiadas acabam se acumulando. Para Luciana Ikedo, planejadora financeira CFP® e autora do livro “Vida Financeira – Descomplicando, economizando e investindo”, esse é justamente o momento em que vale parar e olhar com calma para os números, antes que eles se tornem um problema maior ainda em janeiro. “Quando o empreendedor está no automático, ele não percebe que algumas escolhas pequenas, repetidas todo mês, acabam drenando seu caixa”, afirma Ikedo. “Portanto, esse ‘pente fino’ ou revisão precisa acontecer agora, quando ainda dá tempo de ajustar e planejar o início do próximo ano”, reforça Luciana.
A seguir, ela traz pontos de atenção que ajudam a reorganizar o negócio de forma objetiva.
1. Olhar o fluxo de caixa com mais honestidade
Luciana orienta a fazer uma projeção simples dos próximos meses: entradas previstas, compromissos já assumidos e custos fixos. A ideia não é criar um grande relatório, e sim entender se o ritmo atual do seu negócio cabe dentro da receita. “Muitos gastos permanecem porque ninguém revisa. São pequenos contratos, assinaturas e serviços que já não fazem sentido e só essa limpeza já pode ajudar a mudar a dinâmica do caixa”, explica.
2. Reavaliar custos e negociar antes de virar o ano
Ela reforça que dezembro é um mês em que fornecedores também estão fechando o seu próprio balanço, e isso abre espaço para conversas mais flexíveis. “Às vezes o desconto não vem, mas o prazo melhora, e o prazo faz toda a diferença”. Segundo ela, “empurrar para janeiro um valor que poderia ser reorganizado agora cria uma pressão desnecessária”.
3. Separar o que é pessoal do que é da empresa
Esse é um dos pontos que Luciana mais observa no dia a dia com seus clientes. “Quando as contas se misturam, o empreendedor perde a noção real de quanto o negócio custa para existir e isso compromete a tomada de decisão. A empresa precisa ter vida própria”, pontua.
4. Garantir fôlego para imprevistos
Reserva de emergência não é um “luxo de empresa grande”. Ela destaca que pequenos negócios também precisam deste colchão financeiro. “Sem reserva, qualquer queda na demanda vira motivo para endividamento. É importante guardar um percentual das receitas, mesmo que pequeno, para dar estabilidade”.
5. Olhar para o próximo ano com intenção
Luciana recomenda que o empreendedor avalie, com calma, o que funcionou e o que precisa ser revisto. “Todo começo de ciclo é um convite para entender as dores dos clientes. Às vezes, uma adaptação no atendimento ou a ampliação de um serviço já existente pode trazer resultado sem exigir grandes investimentos”.
6. Estudar para aprimorar a gestão
Por fim, ela reforça que momentos de instabilidade não devem paralisar o empreendedor. “Quando entendemos melhor o negócio, tomamos decisões mais conscientes”, afirma. “Costumo sempre dizer que capacitação e conhecimento não são gastos, são ferramentas para que o empreendedor chegue onde almeja, por isso, não pode ficar em segundo plano”, finaliza Luciana.