Um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea participa de conversa inédita sobre sua trajetória no sábado, 17 de maio, na Serra da Mantiqueira
o longo de quatro décadas de carreira, Milton Hatoum construiu uma das obras mais sólidas e sensíveis da literatura brasileira. Nascido em Manaus, filho de imigrantes libaneses, o autor transformou as margens do país em centro narrativo, e o trauma do exílio — político, afetivo, familiar — em matéria literária. Em 2025, sua contribuição ganha novo destaque: Hatoum será o autor homenageado da FLIMA – Festa Literária Internacional da Mantiqueira, que ocorre entre 15 e 18 de maio, em Santo Antônio do Pinhal, no interior paulista.
O ponto alto da homenagem será a mesa “Manaus é um mundo: a poética de Milton Hatoum”, marcada para o sábado, 17 de maio, às 18h30, no auditório municipal da cidade. Em conversa com o curador do festival, Roberto Guimarães, Hatoum irá revisitar sua trajetória como escritor, leitor e cidadão amazônida, num encontro que pretende iluminar os caminhos afetivos e históricos que moldaram seus livros.
A cidade como personagem, o exílio como herança
“Eu sou donde eu nasci. Sou de outros lugares.” A epígrafe retirada de Guimarães Rosa que abre Cinzas do Norte (2005) talvez seja a chave mais precisa para compreender a literatura de Hatoum. Seus romances — Relato de um certo Oriente, Dois Irmãos, Órfãos do Eldorado, A noite da espera, entre outros — compõem um painel profundo sobre memória, pertencimento, deslocamento e identidade, sempre tendo a Amazônia como centro simbólico e geográfico. Em suas narrativas, Manaus deixa de ser apenas cenário: transforma-se em personagem viva, espaço de tensões e reverberações históricas.
Traduzido em mais de 14 idiomas e lido em diversos países, Hatoum constrói uma literatura que é ao mesmo tempo profundamente brasileira e universal. Seu olhar sobre a ditadura, a perda, o desterro e os conflitos familiares escapa do lugar comum e mergulha em camadas de sutileza e humanidade raras na prosa contemporânea.
Uma homenagem conectada à memória viva
A homenagem da FLIMA a Hatoum é também coerente com o eixo curatorial da edição 2025, que tem como tema “Deslocamentos e Pertencimentos”. Em tempos de crise política, ambiental e social, o festival propõe uma reflexão ampla sobre as fronteiras — físicas e simbólicas — que definem os sujeitos, os territórios e as narrativas. Nesse contexto, a obra de Hatoum, marcada por deslocamentos migratórios, diásporas afetivas e disputas de memória, torna-se essencial.
A mesa será transmitida ao vivo pelo canal da FLIMA no YouTube e contará com acessibilidade em LIBRAS, audiodescrição e legendas simultâneas. O público presente poderá enviar perguntas ao autor, criando um espaço de escuta íntima e coletiva.
Um festival literário em diálogo com o Brasil real
Desde sua criação, em 2018, a FLIMA se firmou como um dos eventos literários mais relevantes do país. Com curadoria diversa, democrática e centrada na produção viva da literatura brasileira, o festival promove diálogos entre gerações, linguagens e territórios. Para 2025, além de Hatoum, estão confirmadas presenças como Jamil Chade, Kaká Werá, Luciany Aparecida, Milly Lacombe, Juliana Linhares e Zé Pitoco, entre outros. A programação contempla 10 mesas literárias, shows, oficinas, feira de livros com mais de 30 editoras e atividades infantojuvenis — todas gratuitas.
SERVIÇO
MESA – MANAUS É UM MUNDO: A POÉTICA DE MILTON HATOUM
📅 Sábado, 17 de maio
🕡 18h30
📍 Auditório Municipal de Santo Antônio do Pinhal
📌 R. Cel. Sebastião Marcondes da Silva, 2-132 – Centro
📺 Transmissão ao vivo: Canal da FLIMA no YouTube
♿ Acessibilidade: LIBRAS, audiodescrição e legendas
🎟️ Entrada gratuita – Retirada de ingressos no local, 1h antes do início
FLIMA 2025 – Festa Literária da Mantiqueira
📅 De 15 a 18 de maio
📍 Santo Antônio do Pinhal (SP)
🌐 www.flima.net.br