A Comlurb informa, por meio de seu site, que atualmente coleta 5,7 toneladas de materiais recicláveis por mês na cidade do Rio de Janeiro, montante este que representa, segundo a companhia, 11% dos materiais potencialmente recicláveis. Reportagem publicada pelo G1, no entanto, apresenta um veredito bem diferente: o Rio recicla apenas 0,5% do lixo reciclável que produz. “Apesar dos 21 anos de existência da coleta seletiva de recicláveis no Rio de Janeiro, o serviço ainda é invisível para boa parte da população”, sentencia o portal.
Entre uma e outra versão está a realidade do Grajaú, na Zona Norte da cidade, onde a coleta seletiva deixa muito a desejar, é praticamente nula e é apontada como um dos seis maiores problemas do bairro, ao lado da segurança, da conservação, da iluminação, do meio ambiente e do transporte, segundo pesquisa informal promovida pela AMAGRAJA – Associação de Moradores e Amigos do Grajaú. Exatamente por isso, e entendendo a importância de se mobilizar a comunidade em torno do assunto, a associação promove um amplo debate sobre coleta seletiva no sábado, dia 19 de julho, a partir das 9h, no teatro Dercy Gonçalves, localizado no Grajaú Country Club (Rua Professor Valadares, 262). Na ocasião, participará do evento o Coordenador da Coleta Seletiva da Comlurb, Edison Sanromã, que apresentará o trabalho realizado pela companhia de limpeza urbana e discutirá com os moradores como melhorar a coleta seletiva no bairro.
O tema é considerado pela AMAGRAJA como muito oportuno. De acordo com a reportagem do G1, “a frota da coleta seletiva da Companhia Comlurb conta com apenas 16 caminhões para a cidade inteira, que circulam com aproximadamente 30% de espaço ocioso”. Ainda segundo a reportagem, a crença dos moradores é de que o material recolhido acaba em aterros sanitários, não nas cooperativas. Por sua vez, as cooperativas ouvidas pelo G1 dizem que o material reciclável que chega mal dá para garantir a renda dos catadores. “A gente precisa mais rotatividade, mais caminhões para fazer essa coleta seletiva chegar até as cooperativas”, disse Ana Carla Nistaldo, diretora financeira da cooperativa Coopideal.
Embora a Comlurb aponte a coleta de 11% do lixo reciclável, sequer o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, acredita neste número. Em entrevista ao RJTV, ele foi franco ao reconhecer que essa porcentagem deve ser bem menor. “A sensação que a gente tem é de muito mais baixo do que isso. Portanto, acho que a gente tem que querer ousar nisso. Avançar, mas não é aquele padrão, não acho que tenha que ser o padrão. Não vamos conseguir trazer o padrão europeu pra cá. Separação em casa, colaboração da população, a gente vai ter que olhar um pouco para nossa realidade e eventualmente a gente pode disparar esse número”.
A Comlurb, por sua vez, informa que faz a coleta seletiva em 117 bairros da cidade e que o material recolhido é entregue gratuitamente para 29 cooperativas de catadores, que fazem a separação e comercializam os produtos. Segundo a companhia, o lixo reciclável recolhido beneficia 450 famílias. No entanto, a Comlurb ressalta que o apoio da população é fundamental para o sucesso da coleta seletiva. A AMAGRAJA está fazendo a sua parte, buscando a mobilização da comunidade do Grajaú e promovendo a interlocução com a companhia de limpeza urbana da cidade.