No universo médico, os cânceres do aparelho digestivo despertam grande preocupação devido à sua alta incidência. Segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), esses tumores representam uma parcela significativa dos casos de câncer, com maior ênfase para o esôfago, estômago, intestino delgado, cólon e reto (colorretal), pâncreas e fígado.
Leonardo Emilio, cirurgião geral, destaca a importância do diagnóstico precoce para combater essas doenças. “Em estágios avançados, esses cânceres se difíceis para o tratamento assim como para atingir a cura, reforçando a necessidade de rastreamento precoce”, explica o médico.
O câncer de esôfago, comumente associado ao consumo exacerbado de álcool e tabaco, é um dos que apresenta dificuldades para rastreamento precoce em pacientes assintomáticos, dada a relação custo-benefício. O câncer de estômago, por sua vez, está ligado a fatores dietéticos e ambientais. Afeta mais os homens, principalmente a partir dos 40 anos, com incidência crescente ao longo da vida.
O intestino delgado, apesar de representar cerca de 90% da área de contato com os alimentos, tem baixa incidência de tumores, provavelmente devido à rápida passagem dos alimentos por essa área.
Já o câncer colorretal, que engloba os tumores que acometem o intestino grosso e o reto, apresenta maior incidência em homens acima dos 60 anos. Fatores dietéticos, como o consumo de gordura saturada e a quantidade de calorias ingeridas, podem aumentar o risco, enquanto a ingestão de fibras vegetais atua como fator protetor.
O câncer de pâncreas, com alta taxa de mortalidade, se torna mais provável após os 50 anos, com pico de incidência entre 65 e 80 anos. Sua detecção precoce é difícil, sem um método definido de rastreamento, o que reforça a importância de estudos genéticos em andamento.
Por fim, o câncer de fígado, seja ele primário ou secundário, tem um prognóstico grave, com vida após o diagnóstico geralmente curta, tornando a incidência quase equivalente à mortalidade.
Diante deste panorama, o Leonardo Emilio vê na cirurgia robótica uma esperança para melhorar o tratamento desses cânceres. “A cirurgia robótica, tem potencial para oferecer maior precisão e menos invasividade nos procedimentos, o que pode se traduzir em cirurgias mais precisas, com menor sangramento e assim proporcionar tratamentos mais eficazes”, conclui.
Enquanto as pesquisas na área genética avançam, a cirurgia robótica surge como uma forte aliada no combate aos cânceres do aparelho digestivo. A utilização de robôs em cirurgias oferece maior precisão nos procedimentos, diminui o trauma cirúrgico e, consequentemente, o tempo de recuperação do paciente.
“Com a cirurgia robótica, podemos alcançar áreas do corpo humano que antes eram de difícil acesso, o que pode aumentar nossas chances de detectar e tratar esses cânceres de forma mais eficiente”, explica o Dr. Leonardo Emilio. Além disso, a tecnologia auxilia os médicos na realização de procedimentos complexos com maior segurança e precisão.
Apesar dos avanços, o Leonardo Emilio ressalta que a implementação da cirurgia robótica no Brasil ainda enfrenta desafios, entre eles a necessidade de investimentos em infraestrutura e formação de profissionais. “Acredito que, em breve, a cirurgia robótica será uma realidade comum em nossos hospitais”, aponta.
Enquanto aguardamos os próximos capítulos dessa revolução tecnológica na medicina, fica o lembrete do especialista sobre a importância de um estilo de vida saudável, do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico regular. Afinal, quando se trata de câncer, a prevenção e a detecção precoce são nossos melhores aliados.