O envelhecimento da população brasileira modificou significativamente o cenário da cirurgia plástica no país. Cada vez mais pessoas acima dos 60 anos têm buscado na cirurgia plástica uma forma de melhorar a autoestima, a saúde mental e a qualidade de vida.
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) apontam que os procedimentos em pacientes da terceira idade aumentaram cerca de 20% na última década. Esse fenômeno é impulsionado não apenas por fatores estéticos, mas também por mudanças demográficas, sociais e médicas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil deve ultrapassar a marca de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos até 2030, consolidando-se como um país envelhecido.
As motivações dos pacientes da terceira idade vão muito além da vaidade. Estudos internacionais, como o publicado no Aesthetic Surgery Journal, mostram que cirurgias estéticas em idosos podem gerar melhora significativa na autoestima, no bem-estar psicológico e até na sociabilidade
Procedimentos como lifting facial, blefaroplastia (cirurgia das pálpebras) e lipoaspiração estão entre os mais procurados. Além disso, há a busca por cirurgias reparadoras. “Um exemplo clássico é a correção de excesso de pele após emagrecimento, comum entre idosos que passaram por reeducação alimentar ou cirurgia bariátrica. Outro procedimento relevante é a mamoplastia redutora, que pode aliviar dores nas costas e melhorar a postur”, explica o cirurgiao plástico Eduardo Sucupira, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC).
Apesar da crescente demanda, a cirurgia plástica em idosos exige critérios de avaliação mais rigorosos. A SBCP recomenda uma avaliação pré-operatória completa, que inclui exames cardiológicos, laboratoriais e, em alguns casos, acompanhamento com clínicos.
As taxas de complicações em cirurgias plásticas em idosos são ligeiramente superiores às dos mais jovens, especialmente em casos de doenças crônicas mal controladas, como hipertensão ou diabetes. No entanto, quando bem indicado e acompanhado, o risco é minimizado, e os benefícios podem ser duradouros e impactantes.
“A decisão por uma cirurgia plástica em idade avançada deve ser cuidadosamente ponderada. O acompanhamento psicológico pode ser importante para entender as motivações do paciente e evitar expectativas irreais”, pondera o cirurgiao Eduardo Sucupira
Cirurgias plásticas não devem ser vistas como uma forma de “voltar no tempo”, mas como um meio de viver melhor o presente. Além disso, é essencial que o procedimento seja feito por cirurgiões membros da SBCP, com formação reconhecida e atuação em hospitais ou clínicas que sigam normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A escolha consciente do profissional é um dos principais fatores que garantem a segurança e a satisfação com os resultados.
“A cirurgia plástica na terceira idade é uma tendência em ascensão, refletindo mudanças profundas no perfil da população brasileira. Mais do que uma busca por juventude, trata-se de um movimento de cuidado com o corpo, a mente e o bem-estar. A cirurgia plástica pode ser, para muitos idosos, uma ferramenta poderosa de recomeço e valorização da vida”, finaliza Sucupira.