No mundo das celebridades, onde os holofotes muitas vezes destacam apenas a parte mais glamurosa da vida, a apresentadora Ana Hickmann surpreendeu a todos ao revelar uma experiência dolorosa e íntima: a agressão por parte de seu marido, Alexandre Correa. A ex-modelo registrou, no sábado, um boletim de ocorrência contra o marido por lesão corporal e violência doméstica. O caso foi registrado na delegacia de ITU, em SP.
De acordo com o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi até o condomínio da apresentadora, que relatou estar na cozinha de sua casa, junto ao marido e o filho do casal, quando Alexandre começou uma discussão bastante acalorada e, sem seguida, pressionou Anna H contra a parede e começou a agredi-la com cabeçadas. Ainda de acordo com a apresentadora da Rede Record, com esforço, conseguiu pegar o celular e acionar a polícia.
A violência doméstica exerce um impacto devastador na vida das mulheres, deixando cicatrizes profundas não apenas na esfera física, mas também, e talvez mais significativamente, no aspecto psicológico. Os efeitos dessas experiências traumáticas podem durar muito tempo, afetando a saúde mental e emocional das vítimas de maneiras complexas.
De acordo com o psicólogo André Carneiro, a agressão doméstica vai muito além das lesões físicas visíveis. Os impactos psicológicos podem ser profundos e duradouros. As vítimas frequentemente enfrentam traumas emocionais, ansiedade, depressão e até transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). A humilhação e o medo constante podem corroer a autoestima, tornando difícil para a vítima buscar ajuda.
“A agressão doméstica vai além das marcas físicas visíveis, adentrando o território dos danos psicológicos duradouros. As vítimas enfrentam não apenas o medo imediato da violência, mas também o trauma emocional que pode persistir por anos. A autoestima é frequentemente abalada, criando ciclos de culpa e vergonha que dificultam a busca por ajuda. Distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático são frequentemente observados em sobreviventes de violência doméstica”, explica o psicólogo especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), André Carneiro.
O especialista ressalta ainda que a violência psicológica, muitas vezes sutil e invisível aos olhos externos, é uma forma igualmente destrutiva de agressão. Manipulação emocional, controle excessivo e isolamento social são táticas que, ao longo do tempo, corroem a saúde mental da vítima.
Na manhã deste domingo, a assessoria de Ana Hickmann emitiu uma nota oficial sobre o assunto: “Após um desentendimento entre Alexandre Correa e Ana Hickmann no último sábado (11), a Polícia Militar foi acionada e a apresentadora foi conduzida até o Distrito Policial para esclarecimento dos fatos.”
Importante destacar que a sociedade também desempenha um papel vital no combate à violência doméstica. A empatia, a solidariedade e o suporte são elementos fundamentais para ajudar as vítimas a romperem o ciclo da violência. “A divulgação calorosa de casos como o de Ana Hickmann destaca a importância de quebrar o silêncio em torno da violência doméstica. A mídia desempenha um papel crucial na conscientização e na desestigmatização do tema, encorajando as vítimas a buscar ajuda sem temer o julgamento”, explica André Carneiro.
Legislação Protetora:
Segundo as últimas pesquisas emitidas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o Brasil registrou mais de 31 mil denúncias e 169 mil violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres.
No Brasil, há uma legislação avançada para combater a violência doméstica. A Lei Maria da Penha, promulgada em 2006, é uma ferramenta fundamental nesse processo. Esta lei não apenas criminaliza a violência doméstica, mas também estabelece medidas de proteção às vítimas, incluindo a remoção do agressor do lar e a proibição de sua aproximação.
Além disso, a Lei do Feminicídio, de 2015, agravou as penas para casos de homicídio contra mulheres motivadas por questões de gênero. Essas leis são instrumentos poderosos, mas a eficácia depende da denúncia e do apoio às vítimas.
“Queremos que, cada vez mais, a informação chegue lá na ponta, até as mulheres que ainda não conhecem os nossos canais de denúncia. Sabemos que cerca de 70% das mulheres vítimas de feminicídio no Brasil nunca passaram pela rede de proteção. Por isso, reiteramos que o nosso Ligue 180 funciona 24h por dia, inclusive por WhatsApp”, enfatiza a gestora do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Cristiane Britto, em depoimento do site do oficial do MMFDH.
As experiências de violência doméstica podem variar de acordo com as relações afetivas futuras. Traumas não resolvidos podem interferir na capacidade de estabelecer e manter relações saudáveis, dificultando a confiança e a intimidação.
“É crucial considerar e abordar não apenas os aspectos físicos, mas também os impactos psicológicos da violência doméstica. O apoio emocional, terapia e recursos adequados desempenham papéis fundamentais na recuperação dessas mulheres, ajudando-as a reconstruir suas vidas após uma experiência tão traumática”, esclarece o psicólogo André Carneiro.