O mesa-tenista brasileiro Hugo Calderano, número 3 do ranking mundial e principal nome do país no esporte, foi impedido de embarcar para os Estados Unidos nesta semana e acabou fora de uma importante competição internacional em Las Vegas. O motivo: um alerta migratório gerado por uma viagem anterior a Cuba, que exigia uma verificação adicional das autoridades americanas — sem tempo hábil para que o processo fosse concluído.
Calderano tentava entrar no país com seu passaporte português, que, por estar vinculado ao Programa de Isenção de Visto (Visa Waiver Program), permite estadias curtas nos EUA sem visto formal, desde que o viajante obtenha a Autorização Eletrônica de Viagem, conhecida como ESTA.
“O caso do Calderano é o seguinte: ele embarcaria com o passaporte europeu, o português, que não exige visto para viagens de até 90 dias. A entrada é feita por meio do sistema eletrônico ESTA, que normalmente é aprovado rapidamente”, explica o advogado Vinicius Bicalho, especialista em imigração e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA). “Mas, segundo as informações divulgadas, ele havia viajado anteriormente a Cuba. Isso aciona um alerta no sistema do governo americano, que exige um aprofundamento — neste caso, uma entrevista presencial.”
De acordo com Bicalho, o atleta tentou agendar essa entrevista, mas não havia disponibilidade de tempo suficiente para cumprir os trâmites exigidos. “Não houve uma negativa formal. O problema foi que a viagem a Cuba levantou uma preocupação por parte das autoridades americanas, que entenderam ser necessário um processo mais rigoroso de checagem. Como não houve tempo hábil, ele não pôde embarcar.”
O episódio expõe a rigidez do sistema migratório dos Estados Unidos, que pode afetar até atletas de elite em compromissos internacionais. “Mesmo sendo um dos melhores do mundo na sua modalidade, ele está sujeito aos mesmos procedimentos que qualquer outro cidadão. Não há tratamento diferenciado”, pontua o advogado.
Para Bicalho, o caso acende um alerta para viajantes que pretendem entrar nos Estados Unidos com passaporte europeu após passagens por países considerados sensíveis pelas autoridades americanas. “Nessas situações, é essencial contar com orientação especializada e, quando for o caso, optar por solicitar um visto formal com a devida antecedência”, orienta.