Quantidade de profissionais está entre os maiores do planeta e requer atenção; 9 de setembro é celebrado o Dia do Médico-Veterinário
No dia 9 de setembro, o Brasil comemora o Dia do Médico-Veterinário, uma data simbólica tendo por base o dia em que, no ano de 1933, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, regulamentou a Medicina Veterinária como profissão. Desde então, a importância da profissão na sociedade teve crescimento absolutamente contínuo. Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o País concentra 536 cursos, enquanto restante do mundo tem apenas 360. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos possuem 32 escolas de Medicina Veterinária, enquanto a Europa inteira reúne 95 e a China, 22.
“É preciso ter comprometimento com a educação continuada de qualidade. Estão colocando jovens que, em sua maioria, não estão sendo formados adequadamente para lidar com vidas animais e humanas, considerando a importância da atuação médico-veterinária nas diversas áreas que impactam diretamente o bem-estar dos seres e do ambiente”, diz o médico-veterinário e diretor da Faculdade Qualittas, Francis Flosi.
A ação desses profissionais não se resume apenas ao cuidado sanitário com os animais, mas adquirindo papel social fundamental, por lidar com questões de saúde pública para garantir a prevenção e o controle de zoonoses, doenças que acometem os animais e podem contamina os humanos. Dentre alguns exemplos de zoonoses estão: a raiva, dengue, leishmaniose e a febre maculosa, esta última com decreto de surto na região de Campinas, no interior de São Paulo, chamando a atenção para a alta taxa de mortalidade, segundo dados do Ministério da Saúde, contabilizando seis mortes e oito casos positivos neste ano.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 60% das doenças infecciosas humanas têm origem nos animais. Atualmente cerca de 200 doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como uma zoonose, e os principais responsáveis por desencadear essas doenças são vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoários.
“A zoonose pode acontecer durante o contato com secreções corporais como saliva, sangue, urina, fezes, ou por meio do contato físico como arranhaduras e mordeduras, ou de forma indireta via vetores como mosquitos, pulgas e carrapatos, ou ainda, pelo consumo de alimento contaminado com secreções contendo os microrganismos causadores de zoonoses”, explica o médico-veterinário.
Inserida no conceito de Saúde Única, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a interdependência das saúdes humana, animal e ambiental, às zoonoses sempre causaram preocupações à nível mundial. Por isso, é essencial a interação e colaboração entre médicos-veterinários, médicos e demais profissionais de saúde e meio ambiente.
“Os médicos-veterinários possuem o papel de agentes de saúde pública, que atuam no controle de zoonoses também na clínica de pequenos animais e integrando equipes do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste cenário, eles são essenciais para a ação da Saúde Única, que engloba a saúde animal, humana e ambiental”, diz Flosi. “Seja qual for a área de atuação, o médico-veterinário deve diagnosticar e indicar medidas de prevenção e controle de zoonoses”, completa o especialista.
Desde que reconhecida como profissão científica, em 1761 (ano de fundação, na França, da Escola de Medicina Veterinária de Lyon), a atividade não só acompanhou como também foi base para inúmeros avanços tecnológicos, hoje aplicáveis também à saúde humana. Tornou-se, assim, essencial para a sociedade, colocando-se como um dos ofícios mais requisitados da atualidade.
A cura dos animais teve seu início junto com as civilizações mais antigas. Dizem às lendas que o Centurião Quirão – Deus da Medicina Veterinária, um ser metade homem, metade cavalo, filho de Saturno Deus do Tempo, foi quem levou seus conhecimentos á Esculápio antecessor de Hipócrates 2.000 A· C.
Mesmo assim, o senso comum continua associando o papel do médico-veterinário apenas ao atendimento de animais de produção e de companhia, ignorando que esse profissional atua fortemente na vigilância sanitária, na produção e inspeção de insumos alimentícios para animais e em laboratórios de pesquisa científica – onde as descobertas acabam sendo estendidas à saúde do homem. Tudo isso sem contar a presença, absolutamente indispensável, em todos os segmentos da indústria de alimentos de origem animal.
“Normalmente somos vistos pela sociedade como o médico dos bichinhos. A clínica médica e cirúrgica de animais é hoje uma das inúmeras atribuições que este profissional possui e, sem dúvida, uma das mais importantes até por estabelecer uma agradável empatia com a sociedade, mas não deixa de ser uma atividade sanitarista ao evitar que zoonoses possam afetar a família, bem como a comunidade”, explica o médico-veterinário e diretor da Faculdade Qualittas, Francis Flosi.
Outro aspecto importante do trabalho é o cuidado emocional, tanto para os animais quanto para seus tutores. “Criamos um vínculo entre os humanos e os animais de estimação e, muitas vezes, fornecemos suporte e conforto em momentos de perda ou doença grave”, completa.
Mercado
Para se ter uma ideia do crescimento do setor, o Brasil abriga cerca de 150 milhões de animais de estimação, dos quais mais de 85 milhões são cães e gatos, segundo dados do IPB (Instituto Pet Brasil). No ano passado, o faturamento da área chegou a R$ 60, 2 bilhões, aumento de 16,4% em relação ao ano anterior. A projeção para 2023 é que esses negócios cresçam mais 12,1% chegando a R$ 77,4 bilhões, também segundo o instituto. “Um dos fatores que explicam esse avanço é o fenômeno da humanização os animais. Hoje, os donos buscam por uma boa nutrição e atendimento de alta qualidade para o bem-estar e saúde dos seus pets”, comenta Flosi.