Com o telefone tocando insistentemente e contas chegando com descontos misteriosos, muitos aposentados brasileiros enfrentaram meses de insegurança financeira. Agora, há alívio: o Banco BMG vai ressarcir mais de R$ 7 milhões cobrados de forma indevida em empréstimos consignados. O valor será abatido diretamente nas faturas de cerca de 100 mil beneficiários do INSS, sem necessidade de solicitação individual.
O acordo, formalizado por meio de um termo de compromisso com o Instituto Nacional do Seguro Social, surge após investigações sobre práticas abusivas na oferta de crédito a segurados — especialmente idosos, muitas vezes vulneráveis a ofertas enganosas. “O objetivo é garantir o respeito às normas que regem o crédito consignado e proteger os direitos dos segurados”, afirmou o INSS em nota divulgada na quinta-feira (30).
Transparência na ponta do lápis — e da tela
Entre as medidas mais significativas está a obrigatoriedade de videochamadas em todas as novas contratações de empréstimos ou cartões consignados, sejam feitas em agências ou por correspondentes bancários. Em até 90 dias, o BMG deverá implementar o sistema, que registrará a manifestação de vontade do beneficiário e permitirá esclarecer dúvidas sobre taxas, prazos e encargos — um avanço crucial para evitar contratos assinados sob pressão ou má informação.
Além disso, o banco suspendeu imediatamente a venda casada de seguros prestamistas e outros produtos vinculados aos empréstimos, prática proibida mas ainda comum no setor. O limite máximo de crédito também foi ajustado para 1,6 vez o valor do benefício mensal, conforme determinação do INSS. Enquanto os sistemas não forem atualizados, o controle será feito manualmente.
Dados protegidos, direitos respeitados
O termo proíbe ainda o compartilhamento de dados pessoais de beneficiários com terceiros, exceto com autorização expressa do titular ou respaldo legal. O BMG também se comprometeu a reduzir reclamações em seus canais de atendimento, buscando “uma jornada de crédito ética, responsável e centrada no cliente”, segundo comunicado da instituição.
O projeto, diga-se, é uma aposta ousada em governança real, não apenas retórica. E para os aposentados que viram seu benefício — muitas vezes o único sustento da família — encolher por contratos mal explicados, essa correção chega como um ato de justiça tardia, mas necessária.