Barco Brasil se consolida na liderança da Volta ao Mundo Globe40 entre os barcos de sua categoria

Barco Brasil se consolida na liderança da Volta ao Mundo Globe40 entre os barcos de sua categoria

Flavio Perez Guimarães
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Globe40

O Barco Brasil segue na liderança da Globe 40 entre os barcos Sharp. O representante brasileiro na regata de volta ao mundo em duplas completou a terceira perna nesta quarta-feira (17/12), chegando a Sydney (Austrália) após 24 dias, 15 horas e 33 minutos de navegação desde a Ilha da Reunião. Foi o segundo da categoria Sharp a cruzar a linha de chegada, atrás do francês Free Dom.

Na classificação geral, que une as categorias Sharp e Scow, os brasileiros aparecem agora em terceiro lugar. Devido a uma quebra do mastro, a equipe alemã Next Generation teve que abandonar a perna e retornar à Ilha da Reunião para reparos no barco.
 
A travessia da Ilha da Reunião, na costa africana banhada pelo Oceano Índico, até a Austrália foi marcada por dificuldades técnicas e forte desgaste físico nas 5.120 milhas náuticas, aproximadamente 9.482 quilômetros.
 
O Barco Brasil enfrentou problemas de mau funcionamento do Efoy, uma pilha de combustível responsável por parte da energia elétrica a bordo. Para poupar as baterias, os velejadores decidiram manter desligados quase todos os equipamentos durante a noite.
 
José Guilherme Caldas e Luiz Bolina também dispensaram o uso do piloto automático e pilotaram manualmente o barco durante longos períodos. A medida trouxe mais cansaço físico e criou uma clara desvantagem em relação aos adversários.
“Foi uma etapa extremamente dura. A falta de energia nos forçou a navegar no limite físico, com muito menos descanso do que o normal. Mesmo assim, conseguimos manter o barco competitivo o tempo todo”, afirmou José Guilherme Caldas, comandante do Barco Brasil.
 
Ação entre amigos
Outro obstáculo importante foi a avaria em uma vela balão, que seria fundamental para o desempenho nos ventos mais fortes próximos à costa australiana. A equipe precisou utilizar uma vela reserva, menos adequada a essas condições, e ainda cumprir uma penalidade regulamentar de cinco horas parados na chegada a Sydney.
A espera foi tensa: enquanto aguardavam a liberação para voltar a velejar, viram o barco Wilson Around the World se aproximar perigosamente. A retomada da navegação aconteceu apenas nos minutos finais, resultando em uma chegada emocionante e disputada.
“Foi angustiante ficar parado vendo outro barco se aproximar. Quando finalmente pudemos acelerar, foi uma mistura de alívio, adrenalina e emoção. Cruzar a linha nessas condições teve um sabor muito especial”, relatou Luiz Bolina.
 
O revés teve um lado positivo. Amigos dos velejadores se organizaram em um grupo de WhatsApp para arrecadar apoio financeiro, viabilizando a compra de uma nova vela balão em Sydney, em uma iniciativa espontânea de patrocínio informal que reforçou o espírito coletivo em torno do projeto.
 
Luto
Em meio às dificuldades técnicas, a equipe também viveu um momento de forte carga emocional. Durante a perna até Sydney, faleceu Francisco G. de Amorim, tio de José Guilherme Caldas, autor do livro “Mussulo: Um Abraço à Vela”, sobre a travessia em solitário do Brasil a Angola, e um dos grandes incentivadores da trajetória do comandante na vela oceânica. O luto acompanhou os dias finais da travessia e transformou a chegada à Austrália em uma homenagem silenciosa.
“Cada milha dessa etapa foi dedicada a ele. Pensar no apoio que sempre recebi do meu tio me deu força para seguir em frente, mesmo nos momentos mais difíceis”, declarou Caldas.
Pausa para celebração
Agora em Sydney, o Barco Brasil passará por reparos e ajustes, com foco na solução definitiva do problema das baterias e na aquisição da nova vela. Os velejadores contarão com uma ampla rede de amigos e familiares na cidade, onde pretendem celebrar o Natal e o Ano Novo antes do próximo desafio.
A próxima etapa da competição tem largada marcada para 1º de janeiro, quando a frota deixa Sydney rumo a Valparaíso, no Chile, dando sequência à volta ao mundo.
A Globe 40
A Globe 40 reúne sete veleiros de diferentes países e adota um sistema de pontuação em que vence quem somar menos pontos ao final do percurso. É disputada nos veleiros Class40, modelo consagrado nas provas oceânicas e que, ao lado dos Imoca 60 do Vendée Globe, figura entre as principais classes de barcos de alta performance.
Os Class40 são divididos em duas categorias: os Scows, mais modernos e com proa larga, e os Sharp, de proa fina. Além da premiação geral, a Globe 40 terá uma premiação à parte exclusiva para os Sharp.
 
Na classificação atual, incluindo o prólogo entre Lorient (França) e Cádiz, o Barco Brasil é o primeiro entre os Sharp, com 5 pontos, seguido por Wilson Around the World, com 10,5 pontos, e Free Dom, com 11,5 pontos.

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