- Musicalmente, o grupo dialoga com ícones clássicos de power trios, Deep Purple, Led Zeppelin, Divididos, Paralamas do Sucesso, Spinetta, mas acrescenta um quarto elemento instrumental, ampliando texturas e empurrando cada composição para além do território familiar do rock
- Nascida no fim de 2015, a Unidad Básica construiu seu caminho tocando em centros culturais, festivais de bairro e ocupações artísticas, sempre alinhando engajamento social e força criativa
“Irupè de Plomo”, novo EP da banda argentina Unidad Básica, chega nesta sexta-feira (18 de julho) a todos os aplicativos de música pelo selo Marã Música, anunciando uma fase ainda mais potente do quarteto formado nos arredores de Quilmes, Bernal, Ezpeleta e Don Bosco, na Argentina. Fundindo arranjos robustos com letras que radiografam o dia a dia das periferias do sul de Buenos Aires, o lançamento mantém vivo, em cada riff, o sonho de jamais abandonar a inventividade da infância, mesmo quando o concreto parece sufocar o verde.
“As músicas nasceram do barulho das fábricas, do cheiro do riacho e das histórias que atravessam nossas casas”, afirma a banda. “Queríamos retratar a injustiça ambiental que envenena quem mora perto desse córrego, nossa Irupe que, em vez de flor, virou chumbo.”
A faixa-título, “Nace Irupè de Plomo”, exemplifica o tom urgente do trabalho: crianças que brincam à beira de um curso dʼágua contaminado por esgoto industrial ganham voz numa melodia que passeia entre o peso do rock e a delicadeza quase onírica de um coral infantil. “Perdón por la sangre”, diz o refrão, um pedido de desculpas que denuncia, com ironia amarga, a ferida aberta na paisagem urbana.
Musicalmente, o grupo dialoga com ícones clássicos de power trios, Deep Purple, Led Zeppelin, Divididos, Paralamas do Sucesso, Spinetta, mas acrescenta um quarto elemento instrumental, ampliando texturas e empurrando cada composição para além do território familiar do rock. “A banda não segue um método fixo de composição”, explicam. “As canções irrompem quando discutimos política na cozinha, quando a conta não fecha, quando a arte pede passagem.”
Gravado ao longo de encontros caseiros e ensaios intensos, o EP combina guitarras encorpadas, baixo pulsante, bateria vigorosa e linhas melódicas que ora flertam com o blues, ora mergulham na psicodelia. A produção mantém a crueza de takes ao vivo, reforçando a sensação de proximidade com o ouvinte. “Queremos que ‘Irupè de Plomo’ seja ouvido com carinho e respeito”, desejam. “Se ele acolher quem passa pelas mesmas lutas, nossa missão estará cumprida.”
O diálogo estético se estende ao videoclipe da faixa-título, previsto para 23 de agosto, às 20h. Dirigido e concebido em parceria com o VJ Daniel Grilli, o vídeo promete uma abordagem inovadora, de baixo custo, mas repleta de experimentações visuais que ecoam a densidade lírica do EP. “Ainda estamos finalizando, mas podemos garantir que será uma nova forma de apresentar nosso universo”, antecipam.
Nascida no fim de 2015, a Unidad Básica construiu seu caminho tocando em centros culturais, festivais de bairro e ocupações artísticas, sempre alinhando engajamento social e força criativa. Com “Irupè de Plomo”, o grupo reafirma a vocação para transformar inquietação em arte, um convite para que cada play seja também um passo rumo a um futuro menos tóxico.
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