Para celebrar os 90 anos de João do Vale, os artistas nordestinos contarão ainda com a participação da mãe da bossa nova Alaíde Costa que interpretará duas canções do cantor maranhense gravadas por ela em 1965.
Em 2023, João do Vale faria 90 anos, e para celebrar a data, os cantores Ayrton Montarroyos e Flávia Bittencourt estreiam o show “João do Vale 90 anos”, com a participação mais do que especial da cantora Alaíde Costa. O show que tem como objetivo manter viva a memória do grande artista, cantor e compositor João do Vale, nascido em Pedreiras, no Maranhão, será realizado no Centro Cultural São Paulo, no próximo dia 23 de novembro, às 19 horas com entrada gratuita. Os ingressos deverão ser retirados uma hora antes do início do espetáculo.
As canções de João do Vale nos chegam como um grito de lamento, denúncia e revolta. As imagens simbólicas de seu cancioneiro exprimem sua própria voz, a vida nordestina e a experiência de sobrevivência dos sujeitos. Essa marca notável nos provoca, nos inquieta e fez nascer a ideia desse show. As letras das canções chamam a atenção para a participação do artista no processo de ressignificação do Nordeste, ao criar e metaforizar em imagens um lugar que lhe é próprio e identificá-lo com o contexto de violência e aridez política que se vivia no país nos anos 1960, amplamente manifestado nas canções de protesto. São letras de canção, mas sua condição poética nos remete a considerar a possibilidade de leitura de uma voz testemunhal intensa, violenta e criativa, que se manifesta na experiência de um sujeito praticamente iletrado, marcado por uma vida de sofrimento. Sua inteligência e inventividade popular o fizeram adentrar estrategicamente no campo da música brasileira e por lá permanecer, ora fazendo sucesso, ora nem tanto.
No repertório do show, músicas como “Carcará”, “O Canto da Ema”, “Pisa na Fulô”, “Minha História”, “Peba na Pimenta”, “Passarinho”, “Pé do Lajeiro” e outras ganham interpretação nas vozes dos jovens nordestinos Ayrton (ele pernambucano) e Flávia (ela maranhense). Alaíde faz uma participação mais que especial com as inesquecíveis “A Voz do Povo” (João do Vale, Luiz Vieira) e “O Jangadeiro” (João do Vale, Dulce Nunes) que ela gravou em seu álbum de 1965 pela gravadora Som Maior. Os artistas serão acompanhados pelos músicos que fizeram o musical sobre a vida de João do Vale, cuja direção musical é de Luiz Júnior Maranhão. A produção artística e executiva é de Thiago Marques Luiz.
Sobre Ayrton Montarroyos:
Ayrton Montarroyos nasceu em Recife e é considerado um dos maiores nomes da nova geração da música brasileira. Começou a cantar aos 11 anos e fez seu primeiro show profissional aos 16, após divulgar um vídeo caseiro com a interpretação de “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque. Seu primeiro registro fonográfico foi no álbum 100 Anos de Gonzagão, interpretando o clássico “Riacho do Navio”. Idealizado e produzido por Thiago Marques Luiz como forma de tributo ao centenário de Luiz Gonzaga, o projeto contou com mais de 50 artistas, entre os quais Elba Ramalho, Zé Ramalho e Zeca Baleiro. Em 2013, o cantor teve seu talento reconhecido internacionalmente com uma indicação ao Grammy Latino, por sua colaboração no álbum “Herivelto Martins 100 Anos”, no qual dividiu a faixa “Dois Corações” com Ylana Queiroga. O álbum foi indicado como “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira”. Atualmente prepara seu terceiro álbum intitulado “A Lira do Povo”, repertório também de seu novo show no qual está em turnê por todo Brasil.
Sobre Flávia Bittencourt:
Flávia Bittencourt é uma cantora e compositora maranhense, nascida em São Luis. Seu primeiro trabalho, intitulado “Sentido” distribuído pela Som Livre, mescla a cultura popular, o pop, músicas nordestinas e composições próprias e foi indicado para o Grammy Latino e para o Prêmio TIM de Música. A artista é uma grande conhecedora e divulgadora da obra de João do Vale que nos chega para mostrar canções de seus conterrâneos, de sua autoria e também dos grandes mestres nascidos pelos confins brasileiros e do mundo. Flávia, além de cantora e compositora, é atriz. Participou do curta de Neville de Almeida chamado “Redenção” e do longa de Frederico Machado chamado “As Órbitas da Água”. O primeiro álbum lançado por Flávia foi “Sentido”, seguido por “Todo Domingos”, uma homenagem à obra de Dominguinhos. Depois, vieram “No Movimento”, o DVD “Leve” e “Eletrobatuque”, gravado em 2018 com direção de Renato Falcão. Recentemente, ela lançou a canção “Amouro’, com Carlinhos Brown, que integra o seu mais novo álbum, intitulado ”Volitar”.
Sobre Alaíde Costa:
Aos 87 anos, uma das maiores vozes da música brasileira é também uma artista que sempre se guiou pelo que quis fazer e pelo que acreditava fazer melhor, o que não foi fácil. Alaíde nunca parou de cantar, nunca ficou sem gravar (são mais de 20 discos) ou se apresentar em shows. Alaíde é uma das poucas artistas vivas que passou por todos os formatos de mídia – desde o 78RPM, LP, K7, CD e agora o streaming.
Nos últimos anos, parcerias deram novo vigor a uma carreira cheia de coerência artística. Se as grandes gravadoras não a queriam, ela achava quem a quisesse. Lançou assim discos importantes em selos pequenos com produção de Thiago Marques Luiz. Nessa época, gravou o álbum “Amor Amigo” em homenagem a Milton Nascimento (e com a participação dele). Em 2008, fez uma homenagem ao amigo Johnny Alf, a quem dedicou o disco “Em tom de canção”, em 2011. Também gravou o especial “A Dama da Canção” para o Canal Brasil, que em seguida foi lançado em DVD.
Em 2022, lançou “O que meus calos dizem sobre mim”, produzido por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, álbum que terá segundo volume em 2024 — eleito o melhor lançamento fonográfico de MPB no 30º Prêmio da Música Brasileira, com a cantora aplaudida de pé por todo o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em maio desse ano, Alaíde se apresentou em Portugal com a Orquestra de Jazz do Algarve sendo um grande sucesso de crítica e público além mar. Além disso, se apresentou no Carnegie Hall em Nova Iorque em outubro, no show The Greatest Night Bossa Nova em comemoração aos 60 anos da Bossa Nova, no qual foi aplaudida de pé por mais de cinco minutos.
Atualmente Alaíde Costa está em estúdio gravando o segundo disco da trilogia produzida por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, e já lançou dois singles do novo trabalho: “Moço” (Marisa Monte e Carlinhos Brown) e “Ata-me” (Junio Barreto). Está em turnê por todo o Brasil com três shows: “O que meus calos dizem sobre mim”, com o repertório do último disco, “50 anos depois daquele disco com o Oscar”, com o repertório do disco gravado ao lado de Oscar Castro Neves em 1973 pela gravadora Odeon e “Pérolas Negras”, no qual se apresenta ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta cantando um repertório apenas de compositores negros passando por Milton Nascimento, Candeia, Jorge Ben, Jhonny Alf, Cartola, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Tim Maia, Luiz Melodia, Djavan, Leci Brandão, Paulinho da Viola, Ataulfo Alves e outros.
Serviço:
João do Vale 90 Anos
23 de novembro, às 19h
Centro Cultural São Paulo
Entrada gratuita. Os ingressos deverão ser retirados uma hora antes do início do espetáculo.
Tel: (11) 3397 – 4000
www.centrocultural.sp.gov.br
Atendimento à imprensa:
Paulo Henrique de Moura
paulohmoura@milkconteudo.com
Cel: (11) 94710.7622