Palestra abordou a revolução da radiologia, questões éticas, aprimoramento e eficiência dos diagnósticos direcionados pela IA
Por meio de tecnologias, algoritmos, sistemas e análise de dados, a Inteligência Artificial está desempenhando um papel de destaque em diversas especialidades médicas. Palco de discussão sobre os avanços tecnológicos da IA aplicados à medicina, o I Congresso Médico do Centro Universitário de Brasília (CEUB) debateu o impacto das ferramentas que tornam os diagnósticos mais precisos e os tratamentos da radiologia mais eficientes, com ressalvas acerca de questões éticas e da proteção da privacidade dos pacientes.
O uso crescente da Inteligência Artificial na radiologia foi abordado pelo palestrante convidado, Vinícius Martins Vilela, ao comentar que a radiologia está intrinsecamente ligada à computação, com alto impacto das inovações tecnológicas no processo e análise de imagens. Segundo ele, a IA pode ser aplicada usando redes neurais, que são essencialmente matrizes de pesos e funções de ativação. Com destaque para algoritmos usados para analisar imagens radiológicas, identificando características específicas e reduzindo o tempo por parte dos radiologistas.
O especialista citou países europeus onde as discussões sobre a possível substituição de radiologistas pela IA existem há mais de uma década, alertando que os mercados nacional e global enfrentam escassez de radiologistas. “Há 10 anos, já se discutia na Grã-Bretanha a substituição dos radiologistas pela IA. Hoje eles enfrentam um déficit de 30% de radiologistas, estimando que chegará a 40% se o número de profissionais formados não aumentar. Para lidar com isso, estão terceirizando serviços. Esse fato levanta a questão se a IA realmente eliminará a radiologia ou causará distúrbios no processo”, explica.
Sobre o desenvolvimento de ferramentas de auxílio diagnóstico, Martins apontou os desafios realizados pela Sociedade de Radiologia dos Estados Unidos como impulsionadores de novas tecnologias. “Além da detecção, existem soluções que fazem a quantificação das anormalidades. Algumas ferramentas analisam tomografias e fornecem informações sobre regiões com falha de enchimento, cálculos de área de penumbra e projeção de aspecto. Hospitais em Brasília já utilizam essa solução para acelerar o diagnóstico de AVC, por exemplo.”
Para o coordenador do curso de Medicina do CEUB, Neulânio Oliveira, a inteligência artificial tem o potencial de aprimorar não apenas a área da radiologia, mas todo o campo de apoio diagnóstico. Ele destaca que evolução tecnológica não só amplia o acesso à assistência médica para um maior número de pacientes, mas também permite que os profissionais médicos, como radiologistas e patologistas, desempenhem um papel crucial em duas frentes importantes.
“Primeiramente, eles interpretam os resultados fornecidos pelas ferramentas tecnológicas. Em segundo lugar, eles mantêm a essencial interação humana, lembrando que por trás de cada exame há uma pessoa muitas vezes ansiosa e angustiada com a perspectiva de um diagnóstico desafiador. Isso possibilita que os médicos estejam preparados para fornecer atendimento não apenas com base nas máquinas e computadores, mas também com empatia e compreensão para com seus pacientes”, acrescenta Dr. Neulânio Oliveira.
Ética na radiologia
Vinícius Martins defende a ética na implementação de algoritmos de Inteligência Artificial na radiologia, enfatizando a necessidade dos profissionais da área avaliarem cuidadosamente esses algoritmos em busca de possíveis vieses e questões éticas, bem como de proteger a privacidade dos pacientes. “Temos preocupações relacionadas aos metadados identificáveis presentes em imagens de radiologia armazenadas”, reforça.
Apesar da IA aprimorar a precisão e eficiência dos diagnósticos, o médico radiologista alerta que esse avanço não está isento de questionamentos, que devem ser cuidadosamente avaliados nos processos médicos: “Essas inovações estão moldando a prática da radiologia, tornando-a mais eficiente. Radiologistas devem acompanhar essas mudanças para oferecer o melhor atendimento aos pacientes”.
Primeiramente, eles interpretam os resultados fornecidos pelas ferramentas tecnológicas. Em segundo lugar, eles mantêm a essencial interação humana, lembrando que por trás de cada exame há uma pessoa muitas vezes ansiosa e angustiada com a perspectiva de um diagnóstico desafiador.
Portanto, essa inovação proporciona uma oportunidade significativa, desde que seja utilizada de maneira ética e com cuidado na proteção dos dados dos pacientes. Isso possibilita que os médicos estejam mais bem preparados para fornecer atendimento não apenas com base nas máquinas e computadores, mas também com empatia e compreensão para com seus pacientes.