Embora o envelhecimento seja uma etapa natural da vida, ainda está cercada por muitos mitos e ideias equivocadas. Algumas dessas crenças podem levar ao desânimo ou à adoção de hábitos prejudiciais, por isso, é fundamental esclarecer o que é mito e o que é verdade para garantir uma velhice saudável e ativa.
De acordo com a geriatra e clínica médica Paola Renata Brandão Canineu Bizar, do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), o envelhecimento pode ser vivido de forma plena e com qualidade de vida, desde que a saúde física e mental sejam priorizadas ao longo dos anos. “Envelhecer bem não depende apenas de cuidados na terceira idade, mas das boas escolhas que fazemos durante toda a vida. Hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, atividade física e a manutenção de uma boa rede de apoio social são pilares para garantir funcionalidade e autonomia na velhice”, destaca Paola.
A memória piora com a idade.
Mito! Um dos principais mitos sobre o envelhecimento é que a doença de memória é inevitável. Segundo a médica, a perda de memória é um processo natural do envelhecimento cerebral, mas isso não significa que a memória vá necessariamente piorar de forma patológica. “O sedentarismo, o isolamento social e as doenças crônicas podem agravar o quadro, mas é possível manter a mente ativa com leitura, atividades sociais e exercícios cognitivos”, diz.
Idosos precisam de menos horas de sono.
Mito! “Isso é um engano”, afirma a médica. A necessidade de sono permanece a mesma ao longo da vida, mas o padrão do sono pode mudar, com mais fragmentação e maior tendência a cochilos durante o dia. No entanto, a falta de sono afeta a saúde mental e física, prejudicando a memória, o humor e a qualidade de vida. Manter uma rotina de sono regular é essencial para o bem-estar dos idosos.
Idosos não podem praticar musculação.
Mito! A prática de exercícios físicos é outro ponto crucial para um envelhecimento saudável. Embora algumas pessoas acreditem que eles devem ser limitados na terceira idade, Dra. Paola enfatiza que a atividade física regular é fundamental para manter a força muscular, reduzir a perda de massa muscular, manter a mobilidade e reduzir o risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. A médica reforça que os exercícios devem ser adaptados às limitações individuais, mas nunca deixados de lado.
Músculos e longevidade estão relacionados.
Verdade! A sarcopenia, que é a perda progressiva de massa muscular, faz parte do processo natural do envelhecimento. A partir dos 40 anos, ocorre uma redução anual de cerca de 0,5% da massa muscular, e esse percentual pode chegar a 1% ao ano após os 65 anos. “É indispensável a prática de exercícios físicos, principalmente os de resistência, em todas as fases da vida para se ter uma boa reserva muscular”, diz.
Idosos sentem menos sede.
Verdade! É normal que os idosos tenham menos sensação de sede, o que torna essencial a ingestão regular de água para evitar a desidratação, a que estão mais suscetíveis. Além disso, a nutrição desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde nessa fase da vida. “Manter uma dieta rica em nutrientes, como proteínas, vitaminas e carboidratos na quantidade correta, é essencial para preservar a massa muscular e a imunidade”, orienta Paola.
É normal sentir dor na terceira idade.
Mito! Embora seja comum que muitas pessoas na terceira idade sintam dores, isso não é necessariamente uma parte normal do envelhecimento. As causas podem variar, desde problemas nas articulações até questões musculares. “A dor, embora comum em algumas condições crônicas, não é algo que deve ser ignorado. Ela pode ser um alerta do corpo e deve sempre ser tratada adequadamente”, alerta a médica. A dor persistente pode reduzir significativamente a qualidade de vida e precisa ser monitorada com atenção.
Somente pessoas com mais de 60 anos devem procurar um geriatra.
Mito! Segundo Dra. Paola, o envelhecimento é um processo contínuo que começa ao nascer e se acelera a partir dos 40 anos. A médica explica que cada fase da vida é influenciada pelas escolhas feitas na fase anterior, e a prevenção para um envelhecimento saudável deve começar o quanto antes. “É recomendável procurar um geriatra a partir dos 45 ou 50 anos, para que seja possível adotar medidas preventivas e garantir mais qualidade de vida na terceira idade”, finaliza.