Um levantamento sobre o perfil e a localização da população refugiada e solicitante da condição de refugiado atendidas pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) foi lançado na última terça-feira (5), em São Paulo. Contando com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em seu levantamento de dados, os mapas de georreferenciamento trazem dados entre os anos de 2018 e 2020, permitindo realizar análises sobre a transição dessa população.
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Embora a capital paulista siga sendo a principal cidade de residência das pessoas refugiadas, ao longo dos três anos analisados houve uma descentralização dessa população. Em 2020, o registro de residências na cidade de São Paulo apontava que 67% da população analisada morava na capital enquanto em 2018 este percentual era de 78%.
O registro da população atendida pela CASP em 2020 chegou a 66 municípios, envolvendo as diversas regiões do Estado. Analisando especificamente a capital, ainda que haja uma ocupação quase completa do território nacional, nota-se no período pesquisado uma maior incidência dessa população que se estende do centro para a zona leste da cidade, seguindo para zona Sul e seus extremos.
Os dados evidenciam que essas comunidades buscam se estabelecer na rota de importantes corredores de transporte público como metrô e trens, próximo a equipamentos de abrigos – como o Centro Temporário de Acolhimento (CTA) de São Mateus; e junto a comunidades de refugiados previamente estabelecidas, como nos casos da síria e congolesa.
“O mapeamento é um meio fundamental para se entender a realidade das pessoas refugiadas. A partir desse território, pensar políticas públicas nas mais variadas esferas como moradia, saúde, educação e inserção laboral, de forma que possam ir além da acolhida e se reverta de fato em integração social”, ressalta Padre Marcelo Maróstica, diretor da Caritas Arquidiocesana de São Paulo.
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Em relação ao perfil da população refugiada atendida pela CASP em 2020, as pessoas venezuelanas representam o maior percentual do atendimento realizado, com 56% do total. Essa comunidade é composta praticamente pelo mesmo percentual de homens e mulheres, estando mais concentrada nos bairros Cidade Dutra (zona sul) e de São Mateus e Sapopemba (zona leste) da capital. Já a população síria, a segunda mais representativa, é composta majoritariamente por homens (68%) e se concentram mais na região central da capital (nos bairros do Brás e Belém).
Para Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR de São Paulo, o mapeamento das pessoas refugiadas no Estado, além de provocar e mobilizar por adequação de protocolos e para criação de políticas públicas é um instrumento fundamental para a tomada de decisões sobre como melhorar a integração destas populações. “É um exercício importante para balizar nossas ações e para acompanharmos as tendências ao longo dos anos”, afirmou.
Victor Ayres, geógrafo e agente do Serviço de Acolhida e Orientação para Refugiados da CASP, conclui que a distribuição espacial das comunidades atendidas tem variado mais de acordo com as nacionalidades. Ele destaca a importância da descentralização da rede de serviços para melhor atender esta população, de envolver cada vez mais estas comunidades para conhecer suas necessidades e as responder.
A presidenta do Conselho Municipal para Migrantes, Hortense Mbuyi, também esteve presente no evento de lançamento dos dados e ressaltou que para fortalecer as políticas públicas é necessário “promover o protagonismo dos imigrantes e fortalecer seus espaços participativos”, reforçando assim a relevância do estudo para um conhecimento mais amplo da realidade urbana da população refugiada no Estado.
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